quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Repórter faz promotor "engolir a fita"

A expressão "engolir a fita" é usada nas situações em que o entrevistado tenta desmentir o jornalista, negando suas afirmações publicadas.
Antes de enviar uma carta à redação do jornal negando o conteúdo publicado, muitos assessores de imprensa confirmam (várias vezes) com o entrevistado "injustiçado" se: 1. o que saiu foi mesmo dito; 2. se a entrevista foi gravada.
É comum o entrevistado mentir para o assessor (não se pode afirmar que é o aconteceu neste caso), por pressão do superior, amigos e colegas de trabalho - sem deixar de lado o esquecimento mesmo. É o famoso "eu jamais diria isso!".
O jornalista, quando é precavido e grava suas entrevistas, tem seu momento de fazer o entrevistado "engolir a fita".

Abaixo, a carta publicada na Folha em 29/10/08

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2910200810.htm

Seqüestro
"É completamente falsa a notícia de que o Gate não teria autorização do governo do Estado ou da Secretaria da Segurança Pública para tomar qualquer decisão durante o seqüestro da menina Eloá ("Governo não autorizou tiro em Lindemberg", Cotidiano). Durante este e outros casos de seqüestro, o Gate dispõe de autonomia para tomar as decisões que considerar mais adequadas a cada momento. É fato que a Secretaria da Segurança se mantém informada sobre as principais ações no âmbito da pasta no Estado, porém as decisões de cada situação local são tomadas pelo oficial que, a cada momento, exerce a função de gerente da crise. Portanto, não tem base a versão de que um suposto "gabinete de crise", do qual esta secretaria e o comando da PM fariam parte, teria negado autorização para realizar um "tiro de neutralização". Tal versão é totalmente equivocada e sem sentido, pois as decisões nessas ações precisam ser tomadas imediatamente diante da oportunidade e conveniência técnica."
ENIO LUCCIOLA , assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (São Paulo, SP)

"Em relação à reportagem "Governo não autorizou tiro em Lindemberg" (Cotidiano, ontem), esclareço que em nenhum momento eu afirmei que os integrantes do Grupo de Ações Táticas Especiais não tinham autorização do "gabinete de crise" e de seus superiores para realizarem o tiro de neutralização contra Lindemberg Fernandes Alves, responsável pelo recente seqüestro em Santo André. Jamais utilizei a expressão "gabinete de crise", referindo-me, na entrevista concedida ao jornal "Agora" e reproduzida pela Folha, sempre a "superiores" ou ao "gerente de crise", no caso o coronel De Pieri, que comandou a operação da Polícia Militar no local. A expressão "gabinete de crise", inclusive, não consta de nenhum trecho do depoimento citado na reportagem. Lamento que o jornal tenha se valido indevidamente de uma expressão não utilizada na entrevista para fazer ilações absolutamente divorciadas da verdade dos fatos."
ANTONIO NOBRE FOLGADO , promotor de Justiça (São Paulo, SP)

Nota da Redação
- Em entrevista gravada, ao ser questionado pela repórter se o gabinete de crise tinha autorizado a invasão, o promotor respondeu: "Não. O tiro dependia de ordem superior; a invasão não".

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