domingo, 17 de fevereiro de 2008

Folha e Estado publicam textos iguais como se fossem reportagens

Ombudsman da Folha, 17/2/08



Na essência, os dois textos ao lado são iguais. Têm diferenças de tamanho e padronização. O da Folha foi veiculado no sábado 26 de janeiro. O de "O Estado de S. Paulo", quatro dias depois, na quarta.Como estava com sua edição concluída, a Ilustrada noticiou em Cotidiano a morte do violonista Antônio Rago.Em 1993, o ombudsman da Folha, Marcelo Leite, qualificou a "cópia ou apropriação de trabalho alheio" como o "pior delito intelectual".Consultei o "Estado" para saber o que houve. Sua Direção de Redação: "Embora textos noticiosos curtos tenham certa chance de se assemelhar, o caso em questão parece ser mesmo um típico "recorta e cola". Trata-se de episódio lamentável, que contraria os padrões éticos e de qualidade do "Estado". Estamos apurando as responsabilidades, para as devidas providências".A Folha já reproduziu como se fossem de jornalistas seus declarações e opiniões com origem em outras publicações -ou seja, plágio. Ombudsmans abordaram os casos.Uma hipótese sobre o aparecimento do texto no "Estado" seria uma certa liberalidade do jornalismo mundial em recolher informações, sem dar o crédito, na internet -meio que torna mais fácil copiar, mas também de identificar a cópia.Mas a apuração do "Estado" descobriu que pessoa próxima ao músico enviou por e-mail nota sobre a morte. Era o texto da Folha, o que não foi informado. Alguém o "colou" no jornal, prática que o "Estado", como a Folha, condena: publicar "press release" como se fosse da lavra da Redação.

Um comentário:

i disse...

Certamente a origem é uma agência de notícias ou um release, como 75% de tudo que se publica nos jornais brasileiros hoje (excetuados os anúncios, é claro...) O pior de tudo é que cada vez menos os redatores se dão ao trabalho de editar o texto. Outro dia apareceu um que continua aquele famoso segundo parágrafo dos releases: "XXX é uma iniciativa da empresa tal, que se preocupa com o meio-ambiente, etc..."
É deplorável...