sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Jornalista relata pânico de entrevistar famosos

O livro é interessante, e a Folha divulgou um trecho muito bom no site

http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u434843.shtml

LIVRARIA: Repórter conta como controlou o pânico ao entrevistar Madonna

da Folha Online

Reprodução
Livro conta aventuras de uma repórter da "Rolling Stones" entre as celebridades
Repórter americana abre o jogo sobre os bastidores de seus encontros com famosos

A repórter americana Jancee Dunn aprendeu lições importantes sobre como controlar o pânico diante de pessoas famosas no dia em que entrevistou Madonna.

Correspondente da revista norte-americana "Rolling Stone", a jornalista narra os bastidores de seus encontros com celebridades no livro "Chega de Falar de Mim...", da Panda Books, disponível na Livraria da Folha.

Leia abaixo o relato da repórter sobre seu encontro com Madonna.

Confira outros títulos da Panda Books no catálogo da Livraria da Folha.

*

Como controlar o pânico ao entrevistar alguém absurdamente famoso

Entrei no saguão, que tinha uma foto imensa dos olhos da Madonna na parede. Todos os homens no escritório estavam na última moda; as mulheres nem tanto. O recepcionista me pediu para sentar. Na minha cabeça, eu repassava as perguntas que tinha memorizado. Se você fica consultando uma lista de perguntas, acaba por quebrar o ritmo, e a conversa perde a naturalidade. A gente deseja ao menos criar a ilusão de que a entrevista é um bate-papo descontraído entre dois amigos.

Apesar disso, eu tinha de me lembrar que começaria a entrevista com perguntas sobre seu disco. Sempre, sempre formule as perguntas considerando os projetos do entrevistado, que são a razão pela qual ele está dando a entrevista. Se as perguntas não são apresentadas aberta e honestamente, o entrevistado ficará visivelmente irritado.

Uma secretária rompeu meu transe.

- Ooooooiiiii - disse ela. - A Madonna está pronta para atendê-la.

Perdi o fôlego, mas a segui pelo corredor, furtivamente secando as mãos nas mangas. Se pelo menos eu estivesse nos anos 1950 e pudesse usar luvas...O que foi que o editor me disse? Nada de papo-furado. Vá direto ao ponto. Dá para entender. Por que se preocupar com o blablablá? Nós duas tínhamos mais o que fazer.

Entramos no escritório, e - ai, meu Deus! - lá estava ela. Provavelmente eu já vira aquele rosto mais vezes do que o meu. Ela fareja o medo! Como um cão, fareja o medo! Cão! Medo! Farejando o medo! Corra, corra, corra! Apertei a mão dela e a olhei nos olhos. Naquele ponto, estava tão aterrorizada que meu organismo inverteu suas inclinações naturais e minhas mãos ficaram absolutamente secas.

- Olá - disse-me ela. Cordial, mas totalmente profissional. Como sempre ocorre com todos os famosos, à exceção de Clint Eastwood e Uma Thurman, achei-a menor pessoalmente: menos de um metro e sessenta. E, à época, grávida do pequeno Rocco. Era estranho vê-la com aquele barrigão, pois, embora fosse uma das mulheres mais fotografadas do mundo, quase não existiam fotos dela grávida, e com certeza esse fato não se tratava de coincidência. Bem, se ela não se parecia com a imagem que eu tinha dela, quase podia fingir que falava com outra pessoa. Isso aquietou meu desespero interior, de alguma maneira.

Hora de mostrar que eu não estava com medo. Tomar fôlego.

- Acabei de ler uma entrevista em que você reclama de ter espinhas depois de adulta - disse eu, rastreando o rosto dela.

- Qualé?! Você diz isso só para fazer a gente se sentir melhor.

Ousado, ou mesmo exagerado! Percebi um leve sorriso. Bom. Então, me aprumei para lançar a pergunta "te peguei": me lembrava de que anos atrás ela queria indicar como roteiro de um filme o livro The Passion, de Jeanette Winterston, que eu também tinha adorado. Que fim essa história tinha tido? Assim que eu fiz a pergunta, ela ganhou vida, me dizendo que escrevera uma carta à autora, mas que nunca obtivera resposta, o que a deixara muito decepcionada. Só então emendei as perguntas sobre o novo álbum, à medida que ela, lenta e cuidadosamente, se acomodava na cadeira.

Eu a estava achando estranhamente vulnerável, e um pouco menos assustadora do que seria na época do livro Sex. Em determinado momento, uma seqüência maluca de todos os vídeos, filmes e eventos da vida dela percorreram espontaneamente minha mente num flash - lembra aquele clip em que ela era ruiva? Qual era mesmo? "Fever", certo! -, e, com um esforço hercúleo, fui me livrando das imagens. Lá se foram mais quatro perguntas. Bom. Bom. Aí, aconteceu: enquanto ela falava, percebi que não conseguia me lembrar da próxima pergunta. Minhas anotações estavam no carro, e quando ela acabou de falar sobre como sua busca espiritual havia influenciado o álbum, estávamos prestes a ficar olhando uma para a outra no mais horripilante silêncio.

"Vai com calma", disse a mim mesma. "Solte umas perguntinhas leves que geralmente você guarda para emergências, quando os entrevistados não param mais de olhar para o relógio." Em geral, se for a primeira vez que as celebridades ouvem tais perguntas, elas gostam de respondê-las, e você consegue evitar a indesejável resposta ensaiada. Ninguém quer responder pela milionésima vez sobre suas influências musicais, ou sobre como o álbum mais novo difere do anterior. Em vez disso: No que você pensa antes de adormecer? Quando você passou a ver seus pais de outra maneira? Que cheiro o faz voltar à infância? O que seus amigos fazem para irritá-lo? Quando foi a última vez que você se sentiu realmente contente?

Eu lancei uma das boas (Qual foi seu pior trabalho na época do colégio?) para ganhar algum tempo até que a outra pergunta voltasse à minha mente. Ela respondeu sem pestanejar que era fazer faxina, que era nojento, tinha de limpar privadas dos garotos que freqüentavam a mesma escola que ela. A partir daí fui levando a entrevista com mais algumas perguntas sobre o álbum. Quando o fim da entrevista começava a despontar, tentei provocar com uma das velhas perguntas que eu e todas as minhas amigas sempre quisemos fazer: Qual foi o último filme que você alugou? (Na época, tinha sido o último filme da série Sexta-Feira, de Ice Cube, porque era a vez de Guy, o marido, escolher.) Você cozinha em casa? Não, mas ajudava Guy, acrescentando "acessórios" nas saladas.

- Acessórios? - pergunto, espantada. - De que tipo, cinto e luvas? - Olha, a Madonna está rindo!

Mudamos o assunto para a gravidez. Ela disse, consternada, que o médico lhe proibira de fazer ginástica, e que não poderia sair, ou usar roupas legais, ou dançar, e ela se sentia uma "vaca domesticada". Eu acenei com a cabeça, demonstrando minha solidariedade, fingindo ser a amiga e confidente, como ela fizera com Sandra Bernhard, em Na Cama com Madonna, quando a atriz dissera que não havia mais ninguém para sair com ela, porque já tinha saído com todo mundo. Inclinei-me e lhe perguntei algo que sempre tive curiosidade de saber: Alguma vez na vida ela já havia se sentido insegura? Ela raramente expressava qualquer tipo de vulnerabilidade.

- Eu me sinto insegura a cada cinco minutos - disparou. - Do que você está falando? - Ela confessou que, na situação de gravidez em que se encontrava, entrava em pânico apenas ao olhar para o espelho.

Eu pressionei, porque queria saber como ela se sentia antes de estar grávida. Digamos, quando encontrava uma foto de uma ex do namorado. Ela fazia comentários maldosos? Ela respondeu que passava por todo um processo:

- Primeiro, eu digo: "Nossa, ela é magra e bonita" - riu. - Em seguida, penso: "Ah, mas eu sou eu".

Que Deus a proteja! Houve uma leve batida na porta. Era a relações-públicas. Eu me lembrei de que havia algo mais que tinha de fazer. Minha amiga Susan, que trabalhava com decoração, tinha me pedido um relatório completo sobre o banheiro da Madonna. Eu não podia decepcioná-la. Além disso, também queria saber como era lá dentro. Dei uma olhada ao redor. Nenhum banheiro. Devia ficar do lado de fora. Outra batida na porta. Era minha deixa.

- Muitíssimo obrigada - respondi, juntando minhas coisas rapidamente e retribuindo o aperto de mão firme da estrela. Seja breve, sorria, não fique tagarelando. E nada de fotos ou autógrafos - você nunca deve pedir essas coisas como cortesia profissional. Pelo menos finja que estão no mesmo nível.

- Posso usar a toalete? - perguntei à assistente, apontando para a porta perto do escritório, onde se lia "WC". Entrei como um furacão e abri a torneira, enquanto fazia um inventário do local. Um vidro de perfume Fracas, anotado. Um tipo de spray facial que você compra na loja de produtos naturais, água com essência de gerânio, da Tree of Life. Algum tipo de leitura? O Livro de Bolso do Hipocondríaco. Huummmm. Interessante. Loção facial La Mer. Anotado, anotado e anotado.

A assistente me esperava para me acompanhar até a recepção.

Caminhei a passos largos, triunfante.

- O que você achou? Ela não é o máximo? - a assistente perguntou.

- O que você achou dela? - perguntou o recepcionista. - Totalmente demais, não é?

- É mesmo - respondi, tentando, sem conseguir, não parecer uma fã inveterada. - Ela é divertida, mas tem um lado doce, também. E não deu respostas programadas, realmente pensou para responder.

- Nesse momento, meus joelhos começaram a tremer. - Posso me sentar um pouco? - perguntei. - Parece que vou desmaiar. - A assistente concordou com a cabeça.

- Acontece às vezes - disse o recepcionista. - Acho que vou pegar uns sais aromáticos e deixar por aqui.

Momentos depois, conforme eu tropeçava em direção ao carro, o ciclo se completava. Tudo sempre terminava comigo na marcha da vitória, com o seguinte pensamento: "Eu tenho o melhor trabalho do mundo".

A euforia durou precisamente o tempo de escrever a matéria. E foi alarmante descobrir que o Calms funcionava perfeitamente com a maioria dos astros, mas não com os cinco estrelas. O motorista me olhou pelo retrovisor e perguntou:

- Prefere monan ou fleen?

Eu fingi que pensava por um momento, e então respondi:

- Vamos tentar o fleen - sem ter a menor idéia do que isso significava.

*

"Chega de Falar de Mim...".
Autora: Jancee Dunn
Editora: Panda Books
Páginas: 296
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 e na Livraria da Folha.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Repórter faz promotor "engolir a fita"

A expressão "engolir a fita" é usada nas situações em que o entrevistado tenta desmentir o jornalista, negando suas afirmações publicadas.
Antes de enviar uma carta à redação do jornal negando o conteúdo publicado, muitos assessores de imprensa confirmam (várias vezes) com o entrevistado "injustiçado" se: 1. o que saiu foi mesmo dito; 2. se a entrevista foi gravada.
É comum o entrevistado mentir para o assessor (não se pode afirmar que é o aconteceu neste caso), por pressão do superior, amigos e colegas de trabalho - sem deixar de lado o esquecimento mesmo. É o famoso "eu jamais diria isso!".
O jornalista, quando é precavido e grava suas entrevistas, tem seu momento de fazer o entrevistado "engolir a fita".

Abaixo, a carta publicada na Folha em 29/10/08

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2910200810.htm

Seqüestro
"É completamente falsa a notícia de que o Gate não teria autorização do governo do Estado ou da Secretaria da Segurança Pública para tomar qualquer decisão durante o seqüestro da menina Eloá ("Governo não autorizou tiro em Lindemberg", Cotidiano). Durante este e outros casos de seqüestro, o Gate dispõe de autonomia para tomar as decisões que considerar mais adequadas a cada momento. É fato que a Secretaria da Segurança se mantém informada sobre as principais ações no âmbito da pasta no Estado, porém as decisões de cada situação local são tomadas pelo oficial que, a cada momento, exerce a função de gerente da crise. Portanto, não tem base a versão de que um suposto "gabinete de crise", do qual esta secretaria e o comando da PM fariam parte, teria negado autorização para realizar um "tiro de neutralização". Tal versão é totalmente equivocada e sem sentido, pois as decisões nessas ações precisam ser tomadas imediatamente diante da oportunidade e conveniência técnica."
ENIO LUCCIOLA , assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (São Paulo, SP)

"Em relação à reportagem "Governo não autorizou tiro em Lindemberg" (Cotidiano, ontem), esclareço que em nenhum momento eu afirmei que os integrantes do Grupo de Ações Táticas Especiais não tinham autorização do "gabinete de crise" e de seus superiores para realizarem o tiro de neutralização contra Lindemberg Fernandes Alves, responsável pelo recente seqüestro em Santo André. Jamais utilizei a expressão "gabinete de crise", referindo-me, na entrevista concedida ao jornal "Agora" e reproduzida pela Folha, sempre a "superiores" ou ao "gerente de crise", no caso o coronel De Pieri, que comandou a operação da Polícia Militar no local. A expressão "gabinete de crise", inclusive, não consta de nenhum trecho do depoimento citado na reportagem. Lamento que o jornal tenha se valido indevidamente de uma expressão não utilizada na entrevista para fazer ilações absolutamente divorciadas da verdade dos fatos."
ANTONIO NOBRE FOLGADO , promotor de Justiça (São Paulo, SP)

Nota da Redação
- Em entrevista gravada, ao ser questionado pela repórter se o gabinete de crise tinha autorizado a invasão, o promotor respondeu: "Não. O tiro dependia de ordem superior; a invasão não".

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Veja entrega fonte que quis plantar notícia

A Revista Veja entregou quem era a fonte de uma reportagem - que acabou se mostrando sem fundamento e não foi publicada.
A "fonte", uma advogada, quis entregar dossiê contra o governador Serra (leia abaixo a reportagem na íntegra) para que a revista publicasse uma reportagem.
O caso lembra o episódio em que a Diogo Mainardi entregou o nome do jornalista e ex-assessor de imprensa Marcelo Netto como fonte do extrato bancário do caseiro Francenildo (http://veja.abril.com.br/290306/mainardi.html).

Abaixo, a reportagem:
http://veja.abril.com.br/291008/p_076.shtml

Brasil
MENSALEIRO E ALOPRADO

Marcos Valério tentou envolver José Serra na farsa que
atingiu a imagem de dois auditores fiscais do governo paulista


Expedito Filho e Alexandre Oltramari

Fotos Paulo Filgueiras/Estado de Minas/PAGOS e Pedro Silveira/O Tempo
EMPREITA DO CRIME Marcos Valério e a advogada Eloá Velloso: sociedade descoberta em operação da Polícia Federal

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o trem pagador do propinoduto petista no escândalo do mensalão, passou as últimas duas semanas atrás das grades. A temporada na cadeia não tem relação aparente com o esquema que o tornou famoso. Valério agora é apontado como o chefe de uma quadrilha, formada por advogados e policiais, que montou uma farsa para desmoralizar funcionários da Secretaria da Fazenda de São Paulo. De acordo com a investigação, que levou Valério e outras dezesseis pessoas para a cadeia, o operador do mensalão corrompeu policiais para abrir um inquérito fraudulento contra dois auditores fiscais que multaram a cervejaria Petrópolis em 105 milhões de reais. O objetivo de Valério com a desmoralização dos auditores seria tornar mais fácil o cancelamento da multa e, certamente, ganhar muito dinheiro com isso. Essa é a parte conhecida da história. Mas há um capítulo ainda inédito da trama: a maquinação, como não poderia deixar de ser, também tinha objetivos políticos. Ela pretendia envolver no escândalo o governador de São Paulo, o tucano José Serra.

A vertente política da empreitada comercial de Marcos Valério está documentada em quatro e-mails enviados pela advogada mineira Eloá Velloso a VEJA, há três meses. Juntamente com o advogado Ildeu Sobrinho, ela foi contratada por Valério para produzir um dossiê contra os auditores, acusando-os de cobrar propina para livrar empresas enroladas com o Fisco. Também coube à dupla corromper delegados da PF para abrir o inquérito forjado e depois divulgar o caso à imprensa. O primeiro objetivo da trama era desmoralizar os auditores. Nos e-mails trocados com VEJA antes de a PF descobrir a trama e prender os advogados juntamente com Valério, Eloá revelou a existência da "investigação", desceu a detalhes como a data dos depoimentos e chegou a enviar cópia das intimações recebidas pelos auditores. Ao citar um dos fiscais, Antonio Carlos de Moura Campos, a emissária de Valério deu a primeira pista sobre o segundo, e talvez o principal, objetivo da gangue: "Fontes do Palácio dos Bandeirantes informam que ele é arrecadador do governo Serra. Fomos informados de que são tucanos e estão desesperados com essa investigação", escreveu Eloá, insinuando que o esquema de corrupção atribuído aos fiscais teria finalidade política. Questionada se o inquérito não poderia ser uma armação, a advogada foi taxativa: "Armação é o que eles (os auditores) estão fazendo". Ou seja: os fiscais, além de corruptos, estariam a serviço do governador de São Paulo.

Com base nas informações repassadas pela advogada, VEJA apurou o caso durante duas semanas. Foram identificadas inconsistências gritantes no inquérito. Uma empresa supostamente de propriedade de um dos auditores investigados na verdade pertencia a um homônimo argentino do fiscal. Um terreno que seria de outro auditor, situado às margens do Rio Tietê, em São Paulo, ficava, na verdade, em Tietê, interior do estado. Ouvidos, os fiscais também negaram qualquer irregularidade. Apesar da existência formal do inquérito, VEJA decidiu não divulgar a investigação por causa de suas inconsistências. "Na condição de alvo da farsa montada por organização criminosa com o objetivo de denegrir minha imagem e a de meu colega Eduardo Fridman, em boa hora desbaratada pela exemplar atividade investigativa desenvolvida pela PF no decorrer da Operação Avalanche, sinto-me no dever de expressar de público meus respeitos pela postura ética assumida por VEJA", escreveu o auditor Antonio Carlos de Moura Campos em e-mail enviado à revista. VEJA só soube que o inquérito era obra de Valério, usando a advogada Eloá como intermediária, depois das prisões.

A tramóia para incriminar os auditores e envolver José Serra no falso escândalo começou a ser desbaratada há três meses. Ao investigarem uma quadrilha de policiais corruptos, o Ministério Público Federal e a PF descobriram que os advogados Ildeu Sobrinho e Eloá Velloso haviam encomendado um dossiê contra os auditores. A dupla, então, passou a ser monitorada por escutas telefônicas, ambientais e interceptação de e-mails. A investigação revelou que eles patrocinaram o inquérito forjado a mando de Valério. Em agosto passado, ao deterem Ildeu Sobrinho com 1 milhão de reais em espécie, os investigadores descobriram que o dinheiro havia sido entregue a ele por Valério e seria usado para pagar os policiais corruptos. O lado oculto da farsa guarda semelhanças com a atuação dos aloprados petistas presos em 2006 tentando comprar um falso dossiê contra Serra às vésperas das eleições. O caso levou ao afastamento do presidente do PT, Ricardo Berzoini, derrubou o coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista, Hamilton Lacerda, e atingiu membros da campanha à reeleição do presidente Lula, como o churrasqueiro presidencial Jorge Lorenzetti e o ex-policial Gedimar Passos. "Ainda não sabemos quais foram as motivações de Marcos Valério para envolver o governador José Serra nesse caso", diz um dos investigadores. O mistério pode não ser tão impenetrável assim.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dicas de Kassab para debates

A reportagem da FSP (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2710200818.htm) traz alguns macetes utilizados por Kassab em frente às câmeras para conquistar a simpatia dos eleitores.

Kassab segue à risca manual de marqueteiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Gilberto Kassab se comportou como o político dos sonhos de qualquer marqueteiro. Em sua primeira eleição como titular de um cargo majoritário, o novo prefeito de São Paulo acatou a maior parte das orientações de sua equipe de comunicação.
Foi um aluno aplicado de técnicas para melhorar sua imagem. Ensaiou gestos, entonação de voz e até movimento das sobrancelhas.
Aos 48 anos e duas décadas de vida pública, o democrata utilizou pela primeira vez nesta campanha um treinamento intensivo de comunicação, coordenado pelo marqueteiro Luiz Gonzalez.
Esforçado, lia a cada semana uma apostila diferente com dicas para melhorar a imagem. Nas ruas, no horário eleitoral e nos debates, colocou as técnicas em prática, a cada dia mais confortável com a performance.
Por sugestão de Gonzalez, por exemplo, passou a se debruçar nas tribunas dos debates do segundo turno e a olhar fixamente para a câmera. A idéia era estabelecer intimidade com o espectador.
Mesmo quando atacado por Marta Suplicy, evitava olhar para adversária. Outra recomendação acatada: gesticular mais e usar as sobrancelhas ao falar. O candidato, se contido, avaliavam seus assessores, poderia transmitir insegurança. Mais relaxado, expressaria "verdade".
Submetido ao que seus assessores chamaram de "imersão" - com gravações ao menos três vezes por semana -, Kassab reproduziu em público expressões comuns ao vocabulário do próprio Gonzalez. Um exemplo: "Marta está "estressadinha'". (LAURA MATTOS)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A mídia matou Eloá?

Veja o que acha o professor da pós-graduação da PUC-SP Norval Baitello Jr, doutor em distúrbios da imagem, em entrevista à Folha de SP

21 de outubro de 2008


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Mídia exagerou e fez com que criminoso se visse como um herói, afirma professor

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Passado o cárcere privado, uma pergunta se volta aos próprios meios de comunicação: até que ponto a veiculação de entrevistas ao vivo com o criminoso contribuiu para o desfecho trágico do caso? Para o professor da pós-graduação da PUC-SP Norval Baitello Jr, doutor em distúrbios da imagem e estudioso do assunto há 20 anos, a mídia "exacerbou a psicopatia que estava em jogo" e fez com que o captor se visse como herói. Leia abaixo trechos da entrevista.

FOLHA - Como o senhor analisa o papel desempenhado pela mídia no cárcere privado de Santo André?
NORVAL BAITELLO JR
- Acho que foi bastante equivocado, desde o começo. Mas isso talvez se deva a um equívoco básico, que é o de que a mídia tem de informar a qualquer custo. E esse fetiche da informação coloca qualquer notícia no mesmo patamar.

FOLHA - Até que ponto a veiculação de entrevistas ao vivo e declarações do seqüestrador contribuíram para o desfecho trágico do caso?
BAITELLO JR
- Acredito que esse fetiche da informação a qualquer custo não passa de espetacularização. Se confunde espetacularização com informação porque a espetacularização vende mais do que a notícia.

FOLHA - A mídia realçou os traços emocionais da tragédia?
BAITELLO JR
- A mídia exacerbou a megalomania, a psicopatia e a loucura que estava ali em jogo.

FOLHA - Os repórteres e apresentadores não saíram do seu papel, que é informar, ao negociar e falar diretamente com o criminoso?
BAITELLO JR
- Todo mundo colocou os pés pelas mãos.

FOLHA - Qual o limite para a cobertura dos meios de comunicação?
BAITELLO JR
- Não existe um limite. Os meios de comunicação têm de cuidar também da sua própria imagem. Esse caso foi péssimo para a sustentabilidade dos próprios veículos.

FOLHA - As TVs e os jornais não fizeram uma glamourização da atividade criminosa?
BAITELLO JR
- Uma vez que ele aparece na televisão, passa a se ver como um herói.

FOLHA - A mídia não aprende com seus próprios erros?
BAITELLO JR
- Falta um acordo tácito da própria mídia. À medida em que há uma escalada, em que o concorrente mostra cenas fortes, o jornal é coagido. É preciso estabelecer limites.

FOLHA - Isso parece ser o modelo americano de cobertura.
BAITELLO JR
- O modelo europeu tem sido muito mais cuidadoso. Isso é totalmente americano. Por isso se vê lá uma escalada da violência.

Lançamento de livro sobre assessoria de imprensa

Do Paulo Piratininga, um excelente assessor e empresário.

"Como usar a mídia a seu favor - As melhores práticas para ser notícia"

Dia 12 de novembro

Na livraria Martins Fontes, Av. Paulista 503, a partir das 19h.


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Lugar comum: a economia da Islândia "derreteu"

O efeito estufa chegou aos trocadilhos e marcou presença em todos os jornais do mundo. Faltou criatividade?

The Econonomist:
ONE word on every tongue in Iceland these days is kreppa. Normally it means to be “in a pinch” or “to get into a scrape”, but when it is applied to the economy, it becomes “financial crisis”. In time kreppa may become the word that conjures up the disastrous meltdown that is now taking place in the country’s economy.
http://www.economist.com/finance/displaystory.cfm?story_id=12382011

Folha de SP:
(...) na Islândia, o sistema bancário derreteu e houve ameaça de corrida aos bancos; os Estados Unidos estão a ponto de recorrer ao FMI; o Citibank vai pelo mesmo caminho da Panair, Transbrasil, Vasp, Varig, TWA, Pan Am e Swissair e, em Paris, capital mundial do turismo, de um dia para o outro, os restaurantes ficaram às moscas. Trilhões delas.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1010200804.htm

Estado de SP (colocou até no título):
Economia da Islândia derrete e país teme quebra

Há poucas semanas, o governo da Islândia se reuniu para tratar de uma ameaça ao futuro da ilha: a elevação dos níveis do mar pelo derretimento das calotas polares. Hoje o problema é outro: o derretimento de sua economia. Ontem, o governo anunciou a nacionalização do maior banco do país e fechou a bolsa de valores, provocando a ira dos ingleses, que têm bilhões nos bancos da ilha. Para analistas, o país nórdico se transformou no exemplo mais concreto do que a crise pode fazer com uma das economias mais ricas do mundo, ameaçada até de "falência nacional".
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081010/not_imp257214,0.php

Time (no título):
A Meltdown in Iceland
http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1848379,00.html

Forbes:
Icelandic Meltdown
http://www.forbes.com/2008/06/25/iceland-banking-credit-biz-bizcountries08-cx_pm_0626iceland.html

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Finalmente, o "erramos" da Folha, que causou o mal estar

MUNDO (2.OUT, PÁG. A16) O presidente do Equador, Rafael Correa, não afirmou, como foi publicado, que a Colômbia "tem um governo [Álvaro Uribe] que não consideramos amigo"; disse que a Colômbia tem um governo que "considerávamos amigo".

Íntegra da entrevista com o presidente do Equador

Também somente para assinates da Folha:

São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008




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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Carta garantirá governabilidade, diz Rafael Correa

Presidente do Equador afirma que não acumulará poderes e aponta prerrogativa do Congresso de destituir presidente

Equatoriano mantém críticas à Odebrecht e diz que, quanto menos obras a empreiteira brasileira tiver, melhor para o seu país

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Fortalecido pela vitória no referendo do último domingo que ratificou a nova Constituição do país, o presidente do Equador, Rafael Correa, defendeu a Carta e negou que esteja promovendo um regime "hiperpresidencialista", com acúmulo de poderes. "[A Constituição] vai acabar com a falta de governabilidade de que o país vem sofrendo", disse. Os três presidentes eleitos no Equador antes de Correa não terminaram seus mandatos.
Em entrevista exclusiva à Folha após um dia de reuniões em Manaus com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela), o economista de 45 anos disse que, embora esteja agora autorizado a dissolver o Congresso, o Legislativo detém a mesma prerrogativa quanto à Presidência. Em ambos os casos, argumentou, novas eleições têm de ser convocadas, no que é chamado de "morte cruzada".
Correa afirmou ainda que não irá "retroceder um passo" na intervenção nas operações da empreiteira brasileira Odebrecht no Equador. Seu governo embargou as operações da empresa no país na semana passada, sob acusação de falhas na construção de uma hidrelétrica: "Quanto menos contratos tiver a Odebrecht, melhor para o país". Leia trechos da entrevista, concedida por Correa ao lado de assessores, membros do governo e técnicos que filmaram a conversa.

FOLHA - O que ocorreu com a Odebrecht no Equador?
RAFAEL CORREA
- A Odebrecht fez uma obra [hidrelétrica San Francisco] com terríveis problemas. Em menos de um ano, uma obra de mais de US$ 300 milhões e que deveria durar mais de 30 anos ter deixado de funcionar é responsabilidade direta da empresa.
Estamos estudando um acordo por iniciativa da empresa [a Odebrecht divulgou nota ontem à tarde dizendo que concordava com as exigências do governo equatoriano]. Parece que ela não entende que há um novo governo no Equador, que não pode ser subornado, pressionado. Não estamos negociando com a empresa, mas exigindo nossos direitos e não vamos retroceder nem um passo.

FOLHA - Como ficará o futuro da Odebrecht no Equador? A empreiteira poderá participar de licitações, como a do projeto Manta-Manaus?
CORREA
- Depois do que temos vivido, quanto menos contratos tiver a Odebrecht, melhor para o país, porque começamos a analisar outros contratos, sempre lesivos ao interesse nacional [...], coisas inauditas que só puderam ser feitas por ousadia da empresa, com cumplicidade de funcionários equatorianos corruptos. A Odebrecht tem que entender que esse velho país acabou em 15 de março de 2007 [data de sua posse].

FOLHA - A Petrobras recentemente devolveu ao Equador o bloco de exploração de petróleo 31, após o sr. aumentar a carga tributária das petroleiras. Essas mudanças não afugentarão investimentos externos?
CORREA
- Qual será o papel do Estado? O que sempre deveria ter sido, de acordo com a Constituição atual e com a aprovada: o petróleo é dos equatorianos, e o que se fez foi um contrato de participação, em que o Estado era um sócio minoritário e sem voz. Estamos renegociando rumo a contratos de prestação de serviços, onde o dono do recurso é o Estado.

FOLHA - Sobre a Constituição, a principal crítica é que ela garantiu superpoderes ao sr., que poderá inclusive dissolver o Congresso. Por que a inclusão desse artigo?
CORREA
- Temo que a sra. tenha má informação. A Constituição não é hiperpresidencialista. Pelo contrário, prevê uma série de controles ao presidente, devolve ao Congresso a atribuição de destituir ministros de Estado.
Há apenas duas atribuições novas [do presidente]: planificação, capacidade que tinha antes da Constituição de 1998 e que foi destruída pelo neoliberalismo, e dissolver o Congresso.
Posso dissolver o Congresso em caso de boicote ao plano de desenvolvimento do país, mas nesse momento tenho que colocar meu cargo à disposição do povo equatoriano. O que não se diz é que o Congresso também pode destituir o presidente em caso de grave comoção interna, mas nesse momento se antecipam as eleições presidenciais e legislativas. Isso é o que se chama de "morte cruzada", um instrumento moderno para promover a governabilidade.
Na história recente do Equador, a todo momento o Congresso destituiu presidentes, declarando-os loucos por conveniência política, porque nada acontecia ao Congresso. Com essa possibilidade de destituir o Congresso uma única vez, se elimina essa fonte de boicote, e acabará a falta de governabilidade de que o país vem sofrendo nos últimos anos.

FOLHA - E quais são os planos do sr. sobre uma futura reeleição, que lhe permitiria ficar no poder até 2017?
CORREA
- Não penso nisso. Isso será uma decisão do partido ao qual pertenço.

FOLHA - Está superada pelo seu governo a questão com o governo da Colômbia [que em março invadiu o território equatoriano para atacar uma base das Farc]?
CORREA
- De nenhuma maneira. Nossas relações estão cortadas porque, entre outras coisas, a Colômbia tem informações de gravações do bombardeio e nada nos informou. Esse caso nunca será superado porque há uma clara agressão deliberada e desleal ao território equatoriano por parte de um país que consideramos irmão, porém tem um governo [Álvaro Uribe] que não consideramos amigo.
Temos que seguir com dignidade e isso implica, entre outras coisas, que a Colômbia entregue todas as informações de como se realizou esse ataque e que compense ao menos a vítima equatoriana desse ataque.

FOLHA - O presidente Lula disse que está tranqüilo com a crise nos EUA, mas a vê com apreensão. A crise atingirá o Equador?
CORREA
- O efeito efeito dependerá da resposta que os EUA derem à crise. Em todo caso, a América Latina tem que se preparar para não depender do que acontece nos EUA.


Colaborou FABIANO MAISONNAVE

Leia a íntegra da entrevista www.folha.com.br/082752

Folha erra e tensiona relações entre Equador e Colômbia

O texto é aberto apenas aos assinates do Comunique-se. Reproduzo abaixo a íntegra para facilitar.

Folha erra e tensiona relações entre Equador e Colômbia

Carla Soares Martin, de São Paulo

O jornal Folha de S.Paulo equivocou-se numa entrevista (para assinantes) com o presidente do Equador, Rafael Correa. Ao transcrever um diálogo com o presidente, informou erroneamente que Correa dizia que a Colômbia é um “governo que não considerávamos amigos”, em resposta a uma pergunta sobre o abalo nas relações entre os dois países desde que, em março, a Colômbia entrou em território equatoriano para atacar uma base das Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Como explica uma nota (para assinantes) na Folha desta segunda (06/10), foi colocado um “não” que não fora dito por Correa. “Na entrevista, quando questionado se considerava superada a crise com a Colômbia, após o ataque colombiano a uma base das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador, em 1º de março, Correa disse, segundo seus assessores: ‘(...) houve uma clara agressão deliberada, desleal ao território equatoriano não por parte de um país que consideramos irmão, mas de um governo que considerávamos amigo’. No texto publicado pela Folha foi incluído um ‘não’ que mudou o sentido da frase: ‘Esse caso nunca será superado porque há uma clara agressão deliberada e desleal ao território equatoriano por parte de um país que consideramos irmão, porém tem um governo que não consideramos amigo’”, disse a Folha.

O jornal justificou o erro por uma dificuldade de se entender a fala de Correa. A Folha também disse que omitiu uma parte da entrevista, em que o presidente equatoriano afirma que: “‘em todo caso, temos que olhar para a frente e seguir’, dando a entender que poderia haver acordo com Bogotá” (transcrição da Folha).

Mal-estar
O fato é que a entrevista com Correa intensificou o mal-estar entre os dois países. Na sexta-feira (03/10), dia seguinte à publicação da entrevista, a Embaixada da Colômbia postou um comunicado no site no qual recua da decisão de ir à reunião de cúpula da Comunidade Andina das Nações (CAN), que acontece em 14/10, por causa da declaração de Correa “aos meios de comunicação”, sem deixar claro que era devido à entrevista com a Folha de S.Paulo.

Em 04/10, sábado, surgiria a resposta do governo equatoriano, em outro comunicado. O Ministério das Relações Exteriores corrige a declaração da Folha, sem citar que havia sido dada ao jornal, e sim a um “meio de comunicação do Brasil”. Diz ainda que a entrevista foi utilizada por Uribe como “pretexto” para a Colômbia deixar de participar do encontro andino.

Nesta segunda (06/10), em contato com as embaixadas de ambos os países, o governo colombiano informou que não tem novidades acerca da questão. Não disse se, mesmo com o esclarecimento da Folha, vai voltar atrás da decisão de não ir à reunião da CAN.

A embaixada do Equador confirmou que as relações entre os países ficaram “afetadas” com a declaração da Folha e informou que aguarda uma decisão do presidente Uribe em torno do assunto.

Editora de Mundo
A editora de Mundo da Folha, Claudia Antunes, informa que o jornal “não tem problema em fazer correções”. Disse ainda que ficou sabendo do erro por meio das agências de notícias internacionais, que reproduziram o que o presidente equatoriano disse em seu programa de rádio e TV no sábado (04/10). “Como ele não explicitava que erro tinha sido cometido, busquei informações no site do Ministério das Relações Exteriores do Equador. Lá, havia a nota que esclarecia o trecho da entrevista que estava transcrito errado. E o jornal tomou a iniciativa de fazer a correção – em duas notas, uma no domingo e outra hoje”, disse a editora.