domingo, 17 de fevereiro de 2008

Folha abre espaço para Arnaldo Antunes criticar texto de colunista do jornal (Nelson Ascher)

Antunes considera texto de Ascher como "metáforas medonhas" e "piada de mal gosto". Impagável:


São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

RÉPLICA
Uma piada de mau gosto

Em resposta a texto do colunista Nelson Ascher, o músico Arnaldo Antunes destaca a urgência da questão ambiental

ARNALDO ANTUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA

É DE derrubar o queixo o artigo de Nelson Ascher de 4 de fevereiro, nesta Ilustrada, em que declara que "o lobby mais poderoso e articulado é, sem dúvida, o dos verdes ou ecologistas", que estaria impondo ao mundo inúmeras restrições, baseado em "males imaginários". Tendo em conta as enormes dificuldades para conseguir reduzir minimamente os efeitos de uma situação planetária que vem se revelando muito mais alarmante do que até então todos supúnhamos, tal afirmação do colunista parece uma piada de mau gosto. A urgência em se tratar da questão ambiental vem sendo comprovada por inúmeras pesquisas científicas e evidências incontestáveis, a despeito das já reportadas pressões que o governo americano vem exercendo sobre seus cientistas para atenuarem, retardarem, alterarem ou excluírem suas conclusões sobre o meio ambiente dos relatórios oficiais. Nelson Ascher repete aqui a ladainha do "não é bem assim", que vem sendo usada com freqüência pelos representantes dos interesses das indústrias poluentes para tapar o sol com a peneira e não alterar suas condutas em relação ao meio ambiente. Faz isso desde o título de seu texto ("Quente ou frio?"), pondo em dúvida, não só o aquecimento global, como também a responsabilidade humana sobre ele. É claro que medidas ecológicas implicam diretamente reduções drásticas nos lucros imediatos de determinados grupos empresariais, diante dos quais as reivindicações dos ambientalistas (como reduções nas emissões de CO2, tratamento adequado do lixo, descontaminação das águas, restrição ao desmatamento das florestas) ainda engatinham, contra muita resistência e pouca consciência.

Metáforas medonhas
Ao mesmo tempo, não é de espantar a postura de Nelson Ascher, para quem já vem acompanhando, em doses semanais, sua campanha a favor da desastrosa política externa da administração Bush e de seus métodos para combater o terrorismo internacional. Nos primeiros momentos da invasão norte-americana no Iraque, Ascher comemorou com entusiasmo a suposta vitória (com metáforas medonhas como as de bombas caindo como pizzas "delivery"), sem perceber o quanto não se tratava de um termo, e sim do início de um conflito armado que se estende até hoje, sem uma solução à vista. Dessa visada, seu artigo parece fazer sentido, pois serve bem ao que almeja a nova ordem americana (marcada pela intolerância nas relações exteriores, assim como pela recusa em aceitar as restrições internacionais para controle do aquecimento global), contra o que já chamou, em outros artigos, de "velha Europa". Ainda, para Nelson Ascher, os defensores do meio ambiente seriam responsáveis por uma série de "proibições" que, "poucas décadas atrás, teriam parecido ridículas": "baniram os bifes", "eliminaram os transgênicos", "proscreveram os vôos internacionais", "tornaram proibitivo o uso de automóveis", "plastificaram as genitálias alheias para limitar a produção de bebês", "criminalizaram a obesidade, o fumo etc.". Um mínimo de sensatez basta para duvidar da maioria dessas colocações. O culto à forma física e a proibição ao fumo têm origem mais ligada a questões de saúde pública e conservadorismo moral do que à defesa do meio ambiente. Por sua vez, o uso de preservativos -apesar de atualmente ter mais relação direta com a ameaça da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis do que com causas ecológicas, como o controle de natalidade- apresenta uma alternativa libertária e necessária, contra a qual o puritanismo das forças neoconservadoras (as mesmas que tentam substituir Darwin por Adão e Eva no ensino primário) investe com a defesa das relações monogâmicas e do sexo apenas com fins de procriação. Quanto às outras restrições, parecem ilusórias ante a constatação da realidade cotidiana. As ofertas para consumo de carne aumentaram em quantidade e variedade nas últimas décadas, e não parece preciso lembrar aqui que parte da floresta amazônica vem sendo devastada para se tornar pasto. Os preços das passagens para vôos internacionais caíram consideravelmente. As facilidades de compra parcelada de automóveis também aumentaram, ao ponto de o número de veículos nas ruas levar a uma situação indomável, da qual nenhuma espécie de rodízio parece dar conta. Enfim, por mais que nos queira fazer crer no contrário o colunista, o fato é que venceu a cultura do excesso, do desperdício e da irresponsabilidade em relação a um futuro que não seja imediato. É por isso que, a cada dia mais, temos que conviver com insanidades como, para ficar em pequenos exemplos, guardanapos de papel embrulhados um a um em embalagens plásticas, canudos de plástico revestidos um a um em embalagens de papel, sachês de material plástico embalando pequenas porções de mostarda, ketchup, azeite, maionese etc., que, numa estúpida assepsia (que há poucas décadas, sim, pareceria ridícula), vêm, gota a gota, degradando o planeta.

Era Bush
E, é claro, esse estado de coisas combina bem com a conjunção de intransigências que marca a era Bush, apoiada principalmente pelos lobbies das indústrias petrolífera e armamentista, não só imensamente mais poderosas do que as que lutam pela preservação do meio ambiente, como também com interesses antagônicos a elas. Muito mais graves do que as "proibições" atribuídas por Ascher aos ecologistas são as restrições à liberdade individual levadas a cabo pelo governo americano em sua campanha antiterrorista -correspondências violadas, prisões sem mandados ou advogados, perseguições a pessoas que se oponham à guerra, cerceamento de manifestações de rua, restrições crescentes para concessões de vistos a imigrantes. Mas o que é mais inaceitável é a afirmação de que "a preocupação exacerbada com o clima e o meio ambiente, coisas cujo funcionamento se conhece pouco e mal, já resultaria em problemas imediatos, pois, para a parcela miserável da humanidade, dificulta cada vez mais a superação de seu estado", ante a evidência de que os mais desfavorecidos economicamente são também os que mais sofrem as conseqüências das contaminações tóxicas e dos desvios naturais decorrentes delas. Além disso, Ascher ignora os inúmeros projetos de inclusão social relacionados à coleta seletiva de lixo e reciclagem, por exemplo, entre outras iniciativas ecológicas. Quanto ao Protocolo de Kyoto (que os EUA não assinaram, apesar de serem os maiores contaminantes), cujas metas parecem hoje insuficientes diante dos mais recentes relatórios sobre a situação ambiental, o articulista afirma "sabermos que era praticamente inútil, que as nações mais vocalmente empenhadas em seu sucesso têm sido as que mais longe ficaram das metas propostas", como se uma lei devesse deixar de existir apenas pelo fato dela não estar sendo devidamente cumprida. Há pessoas que defendem esse estado de coisas dizendo: "poderia ser pior", como no caso da ordem mundial ser tomada pelo fundamentalismo islâmico, em que todos os considerados "infiéis" poderiam sofrer violência desmedida. Eu acho que deveríamos pensar: "poderia ser melhor", se os Estados Unidos e os países que os seguem assumissem seus compromissos com o controle de abusos ambientais; se houvesse maior liberdade de trânsito entre as fronteiras; se a intolerância desse lugar ao diálogo; se todos pensassem não só nos seus filhos e netos, mas também nos tataranetos dos seus tataranetos.

ARNALDO ANTUNES é poeta, compositor e cantor

Próximo Texto: Ascher atacou "Manias de Minoria"

Folha e Estado publicam textos iguais como se fossem reportagens

Ombudsman da Folha, 17/2/08



Na essência, os dois textos ao lado são iguais. Têm diferenças de tamanho e padronização. O da Folha foi veiculado no sábado 26 de janeiro. O de "O Estado de S. Paulo", quatro dias depois, na quarta.Como estava com sua edição concluída, a Ilustrada noticiou em Cotidiano a morte do violonista Antônio Rago.Em 1993, o ombudsman da Folha, Marcelo Leite, qualificou a "cópia ou apropriação de trabalho alheio" como o "pior delito intelectual".Consultei o "Estado" para saber o que houve. Sua Direção de Redação: "Embora textos noticiosos curtos tenham certa chance de se assemelhar, o caso em questão parece ser mesmo um típico "recorta e cola". Trata-se de episódio lamentável, que contraria os padrões éticos e de qualidade do "Estado". Estamos apurando as responsabilidades, para as devidas providências".A Folha já reproduziu como se fossem de jornalistas seus declarações e opiniões com origem em outras publicações -ou seja, plágio. Ombudsmans abordaram os casos.Uma hipótese sobre o aparecimento do texto no "Estado" seria uma certa liberalidade do jornalismo mundial em recolher informações, sem dar o crédito, na internet -meio que torna mais fácil copiar, mas também de identificar a cópia.Mas a apuração do "Estado" descobriu que pessoa próxima ao músico enviou por e-mail nota sobre a morte. Era o texto da Folha, o que não foi informado. Alguém o "colou" no jornal, prática que o "Estado", como a Folha, condena: publicar "press release" como se fosse da lavra da Redação.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

A novela Nassif x Veja ganha mais um capítulo

Do site comunique-se:


Editora Abril entra na Justiça contra Luís Nassif

Carla Soares Martin

Depois de o diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara, e do colunista do Radar, Lauro Jardim, entrarem com ações indenizatórias contra o jornalista Luís Nassif, a Editora Abril decidiu também processar o dono da Agência Dinheiro Vivo por danos morais. Nassif escreve uma série argumentando as supostas intrincadas da revista com interesses comerciais, em seu blog.
Serão cinco ações, todas na Justiça de São Paulo: uma de Alcântara, com a data de entrada desta terça (12/02), duas de Jardim – a primeira com entrada nesta sexta (15/02) –, uma de Mario Sabino, redator-chefe da Veja, e a da Editora Abril, marcadas para a semana que vem. Todas elas são contra Luís Nassif e o portal iG, que hospeda o blog.
A Veja não vai se manifestar publicamente sobre as acusações que o jornalista tem apresentado.
Para Nassif, entrar na Justiça é uma estratégia para atrapalhar o andamento da série. “Nesta quinta, fiquei todo o dia indo atrás de advogados”, conta.
Por outro lado, a falta de uma resposta à altura da revista na própria publicação, segundo o jornalista, tem um motivo: “Falar sobre a série na Veja é como jogar um farol em cima dela.” Nassif explica que, se os jornalistas e colunistas da revista o atacam, mas não respondem as acusações, assinam um termo de culpa.
De acordo com o comentarista de Economia, é difícil aos jornalistas argumentarem contra a série, pois os capítulos estão todos fundamentados com artigos e reportagens da revista.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Folha de SP cede espaço nobre para Favre criticar Barbara Gancia

Saiu no dia 15/2, no Tendências e Debates:

PS: Barbara Gancia é colunista do próprio jornal

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1502200809.htm

Barbara Gancia quer me calar

LUIS FAVRE

Ela, que se serve do poder de fogo da grande mídia para tentar destruir reputações, não tolera ser contestada com a mesma arma que usa
BARBARA GANCIA quer me calar. Ela usa seu espaço neste jornal para me ameaçar de um processo e tentar colocar uma mordaça nos que recusam sua prepotência e seus insultos. Ela está descontrolada porque, em resposta a um artigo cheio de prepotência, arrogância e insultos, ousei escrever no meu blog, no artigo "Latem, Sancho, sinal que cavalgamos" (http://blogdofavre.ig.com.br) o que ela não quer ouvir e que vou repetir: "2007 foi o melhor ano da história do turismo no Brasil. Apesar de todos os problemas, particularmente o da valorização do real, mas também a quebra da Varig e os atrasos nos aeroportos, o fluxo do dinheiro em divisas deixado pelos turistas no Brasil bateu todos os recordes. Imagino como seria se alguns dos articulistas antipetistas, esses de "rabo preso" com o tucanato e alérgicos a operário metalúrgico presidente, fossem ministros do Turismo e falassem, aqui e lá fora, as sandices que aqui escrevem". Ela, que tanto esbraveja, não gostou do "rabo preso". Ela tampouco gostou de que eu acrescentasse: "Se ela ministra fosse (mas por enquanto esse risco o Brasil não corre), ela iria dizer nos foros internacionais o que ela e uma parte da mídia repetem incansavelmente, mas que, como mostram as pesquisas, o povo não compra. A saber: que o país vive um apagão aéreo, dobrado de um apagão elétrico. Que sofremos uma epidemia de febre amarela, mas que não adianta vir vacinado pois os turistas vão enfrentar taxas de homicídios de outro planeta. Que, salvo a cidade de São Paulo, cidade limpa, como todos sabem, onde a taxa de homicídios (particularmente nos Jardins, Pinheiros e a rua de Barbara Gancia) é a mesma de Paris, melhor se abster de circular no resto de nosso paraíso tropical." Ao contrário dessa torcida do contra, a ministra do Turismo calmamente explicou em Madri que não há epidemia de febre amarela e que somente as pessoas que forem para regiões de risco devem ser vacinadas. Disse também que os problemas encontrados com o tráfego aéreo estão em vias de solução, mas que não são piores que os enfrentados pelos aeroportos de Londres ou pelo JFK em Nova York. Afirmou também que, se é verdade que a violência existe, pelo menos no Brasil não há terrorismo, nem ameaças desse tipo, como ocorre na França, na Inglaterra e na Espanha, por exemplo. Que aqui não há terremotos nem tsunamis. Resumindo, defendeu o Brasil e mostrou que vale a pena visitá-lo e conhecê-lo. Nada diferente do que disse, por exemplo, o "Valor Econômico": "Os espanhóis têm procurado mais a costa brasileira por dois fatores: o primeiro deles, segundo fontes do setor, é a saturação do turismo no litoral sul da Espanha. Outro fator é que o atentado terrorista do 11 de Setembro nos Estados Unidos e o tsunami na Tailândia acabaram tornando a costa brasileira mais atrativa e segura para turistas estrangeiros, sobretudo o europeu". (1º/2/2008). Tampouco muito diferente do que, sobre a "epidemia"de febre amarela, afirmou o próprio ombudsman da Folha: "Acontece que desde 1942 não se conhece no Brasil transmissão de febre amarela em reduto urbano. A informação foi veiculada, mas o tom predominante, mostram os títulos da capa, foi o de escalada". (27/1/2008). Mas quando falta a razão, sobram os impropérios. A irritação e a contrariedade de alguns se entende, pois mesmo com suas penas servindo os que procuram desmoralizar o governo e promover o ódio e a rejeição de suas figuras mais populares, a avaliação majoritária da população é que o Brasil está no caminho certo. Por isso, Barbara Gancia quer me calar com um processo e assim cercear meu direito à liberdade de expressão e de opinião. Ela, que se serve do poder de fogo da grande mídia para tentar destruir reputações, colar etiquetas e adjetivos pejorativos contra uns, obsequiosos para outros, não tolera ser contestada com a mesma arma que ela invoca para realizar sua tarefa política: minha liberdade de opinião e de expressão. Solicitei à Folha de S.Paulo o direito de responder no mesmo espaço onde fui atacado e ameaçado, permitindo que o despropósito da jornalista seja respondido. A Folha aceitou meu pedido e está de parabéns.
LUIS FAVRE, 58, é publicitário especializado em marketing eleitoral. É casado com a ministra do Turismo, Marta Suplicy.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Ainda Nassif... agora contra Rubens Valente (Folha)

Nassif (http://www.projetobr.com.br/web/blog/5#6357) acusa a reportagem de Rubens Valente (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0402200809.htm) à Rússia como recheio de tapioca. Poderia ter escrito sobre o interesse russo na venda de submarinos para o Brasil, mas usou o espaço do jornal para comentar que a viagem foi paga pelo governo, que foi ao balé, museu, quanto custou a diária etc. Dê seu comentário.

Luis Nassif x Revista Veja

Para quem gostou da série imprensa X imprensa, uma ótima leitura:
http://www.projetobr.com.br/web/blog/5#6342